Nos últimos 50 anos, a Embrapa Cerrados tem desempenhado um papel essencial na construção de uma agricultura produtiva e ambientalmente sustentável no bioma Cerrado. Essa trajetória de sucesso foi alicerçada em parcerias estratégicas com instituições públicas e privadas, bem como na integração multidisciplinar entre as áreas de produção vegetal, animal e conservação dos recursos naturais.
Em 2025, celebramos cinco décadas de contribuições relevantes para a agricultura brasileira e para o conhecimento sobre os recursos naturais. 
Nas propriedades rurais, esses serviços podem ser mantidos e até potencializados por meio da adoção das BPAs. Definidas pela Portaria MAPA nº 337/2021, essas práticas compreendem um conjunto de princípios, normas e recomendações técnicas que orientam a produção agropecuária de forma sustentável, considerando três pilares fundamentais: preservação ambiental, saúde e segurança do trabalhador rural e oferta de alimentos seguros ao consumidor.
Entre as práticas recomendadas, destacam-se a rotação de culturas, que favorece a fertilidade do solo e reduz pragas; a proteção de nascentes e mananciais, garantindo água de qualidade; e a cobertura vegetal permanente, que previne a erosão e conserva a biodiversidade. A manutenção de áreas nativas em Reservas Legais (RLs) e Áreas de Preservação Permanente (APPs) também é fundamental para a conectividade ecológica e a regulação climática.
Nesse contexto, a recomposição da vegetação nativa é uma estratégia-chave para restaurar a funcionalidade ecológica das propriedades e ampliar a oferta de serviços ecossistêmicos. Essa prática contribui diretamente para a recuperação de APPs e RLs, promovendo a proteção de nascentes, a conectividade de habitats e o controle da erosão.
Para apoiar os produtores nesse processo, ferramentas como o WebAmbiente, plataforma desenvolvida pela Embrapa e parceiros, oferecem orientações sobre métodos de recomposição e uso de espécies nativas adaptadas às condições locais. A plataforma traz benefício para diversos públicos (Tabela 1). Ela reúne quase 11 mil usuários e disponibiliza descrições de cerca de 800 espécies nativas dos biomas brasileiros, além de estratégias de recomposição e uma biblioteca digital com mais de 400 experiências práticas, inclusive a formação de Sistemas Agroflorestais.
A nova versão da plataforma, prevista para o segundo semestre de 2025, trará recursos ainda mais interativos. O usuário poderá gerar um projeto de intervenção personalizado, com seleção de espécies nativas (incluindo informações sobre porte, usos, dispersão etc.), sugestões de arranjos espaciais, espaçamentos e orientações de manejo pós-plantio, como controle de espécies exóticas e manutenção da área restaurada.
Já projetos como o Paisagens Rurais, fruto da parceria entre SFB, MAPA, Senar, Embrapa e Inpe, mostram como a interface entre ciência e campo pode transformar a realidade rural. Com foco no planejamento de longo prazo, esses projetos ajudam a criar cenários sustentáveis, com aumento da biodiversidade funcional, resiliência climática e valorização ambiental das propriedades. Assim, a adoção das BPAs, aliada à tecnologia e ao conhecimento técnico, se consolida como catalisadora de uma agricultura que produz, conserva e inova.

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